terça-feira, 15 de maio de 2012

É um para cada um!


Vladimir Safatle acredita que o governo deve zelar pelos nossos reais interesses. Sendo assim, ele descobriu a pólvora no artigo aí linkado no nome dele. Desde que a lei da oferta e da procura determina que os preços de bens disparam quando há muito mais procura do que oferta, se o Estado ordena que cada cidadão compre apenas um bem, o preço desse bem cai e, consequentemente, mais pessoas podem ter acesso ao mesmo. Assim, o filósofo soviético da USP sugere que o Estado proíba o cidadão de adquirir mais de um imóvel em uma mesma cidade.

Brilhante! Inclusive, eu tenho uma sugestão: vamos proibir os gordinhos de comerem mais de um Big Mac por vez. Com isso, o preço do pão cai e os famintos passam a ter como adquiri-lo. Que tal? Poxa, como ninguém pensou em manipular o mercado assim antes?

...Oh, wait...

8 comentários:

  1. Descobri que Vladimir Lênin Safatle, filho de fazendeiro que chuta a bunda do MST em Goiás (http://goo.gl/bFJ6A) está propondo a retirada de um dos bens de Painho, que tem TRÊS BENS declarados na eleição de 2006 (segundo mandato, portanto):

    "Apartamento 102, Ed. Kentucky, São Bernardo Do Campo R$ 38.334,67"

    Apartamento 92, Ed. Kentucky, São Bernardo Do Campo - Sp R$ 38.334,67

    Apartamento 122 No Prédio Green Hill, São Bernardo Do Campo R$ 189.142,50"

    http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/2006/presidente/06101945-lula.jhtm#resultado

    Assim não dá.

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  2. Li recentemente dois romances históricos: "De Mandelstam para Stálin" de Robert Littell e "A Sombra da Guilhotina", de Hilary Mantel. Nem o Littell, nem a Mantel vão ganhar o Prêmio Nobel, mas os dois mostram a mesma coisa: o enlouquecimento das classes dirigentes da Rússia e da França, e suas posteriores consequências. Tanto balança, tanto balança e um dia a casa cai... Note que, tanto na Rússia como na França, demorou bastante, mas a casa caiu.
    At.
    Cláudio.
    PS: gosto de seus textos sobre tecnologia. São diferentes.

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  3. Concordo contigo, Andrea (para variar). E qual seria a relevância moral de considerarmos casos diferentes um indivíduo ser proprietário de um apartamento em vez de dois? E de três em vez de dois? E de mil em vez de um? Eu somente vejo a fraude, o roubo a coerção ilegítima como elementos que podem produzir uma relevante diferenciação moral entre os casos. Se tenho um apartamento de três quartos e o vendo para comprar dois apartamentos de um quarto apenas (e de qualidade inferior), isso seria moralmente errado? Jamais no meu mundo moral. Abraço.

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    1. Provavelmente, o Vladimir Safatle vai querer que a lei determine quantos metros quadrados, quartos e banheiros terá cada residência, Aguinaldo hehe Afinal, do ponto de vista dele, o que é pior: ter uma única cobertura triplex ou três apartamentos da Cohab?

      Enfim, é uma ideia tão absurda que nem merece um tratamento sério, mas, mesmo assim, ainda vou fazer questão de notar que o absurdo não é meramente moral. Essa gente faz enorme estrago, quando no poder, justamente por causa das consequências práticas de suas ideias para a economia. Enquanto a economia de mercado é um emaranhado imenso de atividades em ação e reação umas sobre as outras, gente como Safatle interfere nesse complexo como se fosse possível isolar apenas uma dimensão dele, sem gerar consequências incontroláveis. Quer dizer, eles vêem a economia como se ela fosse um sistema simples, digno de interferência precisa em um ambiente controlado de laboratório.

      Imagine por exemplo se, bate na madeira, o Safatle despontasse como favorito em uma corrida presidencial, defendendo uma plataforma como a do post em questão. É claro que todo acionista de construtora correria vender suas ações. Com isso, a capacidade de investimento das construtoras despencaria e a construção civil geraria desemprego. Ele mataria uma importante parte da economia de uma cidade como Maringá, por exemplo, onde não há bolha imobiliária, mas sim um real crescimento do setor em atendimento à demanda justamente daqueles que querem investir em imóveis. Talvez, com isso, os imóveis, de fato, ficassem mais acessíveis do que são hoje na cidade, mas às custas de estagnação econômica e desemprego.

      É por essas e outras que socialistas só geraram miséria por onde passaram no mundo!

      Abraço

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  4. Obs. 1: gordinhos do mundo, uni-vos!

    Obs. 2: eficiência e ganho de produtividade não existem para o sujeito.


    mas, tirando o absurdo da coisa, e se linkássemos com a questão do consumismo excessivo? hoje mesmo saiu no estadão algo sobre como nossa ministra do meio ambiente (ou algo do gênero) gostaria que da Rio +20 padrões de consumo diferentes fossem assumidos como meta para políticas públicas. Passaríamos do foco econômico ao ambiental.

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  5. Mas é por isso mesmo que eu vejo cada fanático ambientalista como um tirano em potencial, Marco. Com base em um imperativo moral duvidoso de conservação do planeta, que, por sua vez, depende da verdade de constatações empíricas/contingentes/discutíveis, eles já começam a propor uma verdadeira destruição do livre mercado. Se depender deles, daqui a pouco, cada um terá direito a uma ração de alimentos diária. Ou o sujeito vai comprar um computador, por exemplo, e ouve que não pode, porque não comprou o último a mais de um ano. E por aí vai... Seria pior do q todas as ditaduras socialistas que o mundo já viveu! E aí eu digo, parafraseando Kant: se não há liberdade, não há por que ainda existirem homens sobre a Terra. Um mundo assim é um mundo q eu simplesmente não quero conservar!

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