terça-feira, 10 de abril de 2012

Michael Sandel



Confesso que nunca li nada do Michael Sandel. Mas, neste caso, nem é por falta de tempo, como de costume. Falta-me interesse em razão das propagandas que ele próprio faz de seu projeto filosófico na grande mídia. Como, em pleno 2012, alguém pode olhar ao redor e pensar em acordos políticos sobre questões substanciais relativas à boa vida e à virtude? Na verdade, neste ponto, sou uma kantiana ortodoxa: tais acordos não seriam apenas impossíveis na prática, eles são mesmo indesejáveis, por sua natureza despótica.

2 comentários:

  1. O Sandel se tornou amplamente conhecido pelo famoso Liberalism and the Limits of Justice, de 1982, escrito como crítica ao A Theory of Justice, do John Rawls (1971).

    Gosto bastante das críticas não só do Sandel, mas dos outros "comunitaristas" (o Sandel não gosta de ser chamado assim...) como o Charles Taylor (The Sources of the Self, de 1989) e o Alasdair MacIntyre (After Virtue, de 1981) a esse tal "eu esvaziado" da posição política liberal. Acho que eles têm um ponto forte que serve para mostrar os paradoxos da teoria política contemporânea e explicar, por exemplo, o esvaziamento do espaço público, do debate público.

    Mas - e isso você observou muito bem - quando eles vão propor algo, como o Sandel querendo voltar às ideias de boa vida e virtude, a coisa complica e, no caso dele, fica beirando ao "utopismo" filosófico que, invariavelmente, torna-se ridículo.

    É a eterna piada que faço com o lema do "um outro mundo é possível": possível até é, mas eu não assino embaixo. hshs.

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    1. Muito obrigada pelo comentário, que, inclusive, me instruiu, Walter. Como vc já deve ter reparado, eu sou apenas uma "palpiteira" em matéria de política. Mas, dentro da minha visão leiga do assunto, eu não acredito no comunitarismo como teoria do Estado, porque isso me parece implicar justamente na ideia de Estado como a "comunidade das comunidades", assim por dizer. Por outro lado, isso não quer dizer que eu acredite que um Estado mínimo também possa propriamente "funcionar". A minha adesão ao libertarianismo é muito mais moral do que qualquer outra coisa. Quer dizer, eu não acredito na justificativa moral de imposições jurídicas outras que não aquelas que visem conter a fraude e a violência. Se um Estado mínimo assim funciona na prática, é outra história. Na verdade, eu acho que nenhum Estado moderno pluralista vai funcionar na prática. Sempre faltará aquele cimento cultural que alicerça e mantém unida a sociedade. Com isso, faltará solidariedade e identidade social, por exemplo. E isso a filosofia não pode resolver.

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