quarta-feira, 11 de abril de 2012

O Leviatã atrás dos gordinhos



Depois de atormentar os fumantes até chegar ao ponto de quase inviabilizar o hábito de fumar, agora, o Leviatã brasileiro está de olho nas nossas gordurinhas sobrando. Bom, neste caso, como não se pode falar em gordo passivo, poderíamos nos rebelar com muito mais razão, alegando que nossas banhas são um "problema" de âmbito privado, certo? Certo para libertários, como eu. Mas e você? Será que você poderá se queixar coerentemente se o governo resolver fechar churrascarias e tirar a Nigella do ar? Creio que não, se você for um entusiasta do SUS.

A partir do momento em que nossos hábitos privados geram gastos públicos a serem compartilhados por toda sociedade, o governo, responsável pelo interesse público, tem, sim, o direito de legislar sobre a vida privada de cada indivíduo. Se as suas ações implicam em ônus coletivo, você perde o direito de dizer: "problema meu, cuide da sua vida!" Lembra quando papai pagava suas contas? Pois é, então, ele tinha o direito de lhe obrigar a comer todo o espinafre. Você não quis um Estado paternalista? Agora, aguente!

4 comentários:

  1. Mas nao so um estado paternalista que tem esse direito,nao! Aqui nos USA, se, por exemplo, voce apresenta uma taxa de colesterol alta, os planos de saude privados tem o direito de monitora-la e exigir de voce que a controle, posto que existe a possibilidade do problema evoluir para algo serio e de tratamento muito caro. E se esse tipo de problema tiver carater endemico, os custos dos planos de saude terao de ser aumentados, o que sera ruim para todos.
    Na verdade, o liberalismo esta centrado nos direitos do individuo, mas, justamente em cosnequencia disso,tambem nas suas responsabilidades. Direitos correspondem a deveres (embora nem sempre). Governos paternalistas e que geralmente deixam sobre o coletivo, e com isso, nas costas dos que sao responsaveis, o onus criado pelos irresponsaveis.
    Julio Esteves

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  2. Primeiramente, obrigada por me honrar com o seu comentário!

    Vejo uma diferença absolutamente decisiva entre o caso americano, tal qual descrito por vc, e o caso brasileiro. Obamacare à parte, o americano é livre para escolher assinar um contrato com uma seguradora. A seguradora imporá certas condições para que o contrato atenda aos interesses dela e o segurado avaliará se essas condições atendem aos interesses dele. No caso do SUS, pelo contrário, eu sou constrangida a aderir a um seguro público, que, além de tudo, não funciona e, o que é pior, o governo, que administra mal e porcamente esse seguro, ainda se dá ao direito de me constranger a adotar uma conduta mais saudável, para q ele possa economizar nos custos de um tratamento q eu não contratei livremente. É insano!

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  3. O erro todo, fundamental, esta justamente nisso: obrigar a contribuir para o SUS. De resto, nao me parece errado exigir responsabilidade por parte dos individuos, se isso implicar em maiores custos para outros individuos. alias, podemos ver o problema do aborto tambem sob essa perspectiva: por que eu tenho de financiar um tipo de intervencao medica com a qual nao concordo e que, no mais das vezes, resulta da irresponsabilidade de alguns??

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  4. Aqui, estamos muito próximos de um acordo, Julio. Certamente, minha resposta é q vc não deve ser obrigado a financiar o aborto de ninguém. O fato de uma pessoa moralmente contra o aborto ser obrigada a financiar um só prova o quão violento é o tal Estado Democrático de Direito.

    Eu apenas não falaria propriamente de uma responsabilidade entre os indivíduos que participam voluntariamente de um mesmo plano de saúde. O q eu vejo é o direito do administrador do plano de cobrar mais de quem representa maiores riscos, do mesmo jeito q pagamos mais pelo seguro de um automóvel mais visado por assaltantes ou de um q simplesmente seja mais valioso e, portanto, causaria um prejuízo maior à seguradora se fosse roubado.

    Permita-me ainda acrescentar um detalhe interessante sobre a saúde em uma sociedade livre. Muitos sujeitos de maior risco acabariam impossibilitados de aderir a planos convencionais, q cobrariam muito deles e bem menos dos demais. Com isso, haveria demanda por planos específicos para esse público. Alguém poderia lançar um plano voltado para eles, onde, como ninguém pagaria menos, dado o fato de todos estarem nas mesmas condições, ninguém também pagaria tanto quanto se estivesse em um plano convencional.

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